sábado, 2 de abril de 2011
No início dos anos 2000, o Audi A3 1.8 T era o sonho de consumo de muitos brasileiros – inclusive o meu. Na época, ele era o carro mais caro fabricado no País – custava pouco menos de R$ 65 mil – e, até a chegada do Honda Civic Si, no início de 2007, reinou como o modelo nacional mais potente, mesmo seis meses após ter sua produção encerrada na fábrica da Volkswagen de São José dos Pinhais, no Paraná. E é essa aura de desejo que a Audi quer resgatar com o novo RS3, que desembarca por aqui em setembro deste ano, por cerca de R$ 290 mil. Na Alemanha, o carro chega às lojas da Audi já em abril.
Obviamente, o RS3 é muito mais caro e tem quase o dobro da potência do saudoso A3 turbinado, mas a presença dele nas ruas daqui está mais associada à imagem de esportividade que a Audi quer devolver à mente dos consumidores brasileiros do que com expectativa de vendas. Prova disso é que apenas 20 unidades do RS3 serão enviadas para cá neste ano – e mais 40 no ano que vem. “O RS3 será o ícone de esportividade da Audi no Brasil”, garante Paulo Kakinoff, presidente da Audi Brasil.
Segundo o executivo, antes de embarcar rumo ao País, todos os exemplares serão submetidos a um processo de tropicalização na Alemanha, que inclui modificações no motor de cinco cilindros, 2.5 litros, turbo, de 340 cv e 45,9 kgfm de torque – para evitar a corrosão provocada pelo etanol misturado à gasolina brasileira –, no sistema de arrefecimento e o aumento do curso da suspensão, para suportar a buraqueira das ruas brasileiras.
O RS3 é o caçula da gama esportiva RS, que inclui ainda os possantes RS6 (sedã) e RS5 (cupê), também disponíveis por aqui. Ele faz parte do cardápio de lançamentos que a Audi anunciou para o mercado nacional neste ano e que inclui ainda o pequeno A1 (abril), o A7 Sportback (maio), o A8 L (junho) e o A6 (setembro). E o ritmo acelerado de novidades, segundo ainda Kakinoff, segue o mesmo dos anos anteriores. Ou seja, um produto novo da marca a cada 45 dias.
Levando-se em conta o porte e a potência, o irmão mais nervoso do A3 Sportback tem dois concorrentes diretos em terras brasileiras, e um deles também é da Audi: o TTS Coupe. Vendido por pouco mais de R$ 281,5 mil, o esportivo 2+2 vem com bloco 2.0 turbo FSI, de 272 cv, câmbio S-tronic de seis marchas, e tração integral quattro. O outro é o Subaru Impreza WRX STi Hatch, que é equipado com motor de quatro cilindros boxer, 2.5 litros, turbo, de 310 cv, câmbio manual de seis marchas e tração integral AWD. Preço do nipônico: R$ 220 mil. Na Europa, a lista de rivais inclui ainda o primo VW Golf R, o Ford Focus RS e o novo BMW M1 Coupe.
O Carsale teve a oportunidade de estar a bordo do RS3 – ao volante e no banco do passageiro – dias atrás, em um test-drive realizado no Principado de Mônaco e em Nice, no Sul da França. O carro, claro, é voltado para quem busca esportividade em seu aspecto mais bruto, mas engana-se que seu comportamento seja assim o tempo inteiro. O RS3 segue a filosofia “alltag auto”, ou carro para uso diário, em alemão. Continue lendo o texto que eu explico.
Visualmente, o RS3 segue a mesma receita impactante do RS5. E não poderia ser diferente. Afinal, que graça teria em esconder 340 cv debaixo do capô e não exibir um algo a mais na aparência? E esse diferencial está na parte frontal do carro, que traz pára-choque com tomadas de ar enormes e molduras metálicas – ou pintadas de preto, dependendo da cor da carroceria – contornando as bordas da grade dianteira. Uma tela tipo favo de abelha protege as entradas de ar ao mesmo tempo em que acentua a pegada agressiva do modelo. O conjunto óptico vem com faróis de xenon e fileiras de leds para iluminação diurna. Emblemas fixados na grade e na tampa do porta-malas revelam a identidade do topo de linha da gama A3.
Já as laterais e a traseira são praticamente idênticas às do S3, com exceção das rodas de alumínio, que no RS3 medem 19 polegadas e exibem cinco raios de acabamento acetinado. O desenho lembra hélices de avião, deixando as pinças e os grandes discos de freio perfurados à vista. De acordo com a Audi, as rodas opcionais, pintadas de preto com detalhes em vermelho – ou cinza com aro branco –, serão oferecidas como item de série no Brasil. Os únicos opcionais por aqui serão o teto solar e os bancos esportivos tipo concha, cujos preços não foram revelados. O pacote de itens aerodinâmicos inclui ainda um spoiler instalado sobre o vidro traseiro. A saída de escapamento é dupla e fica à esquerda do pára-choque. Mas, cá entre nós, bem que os engenheiros da Audi poderiam posicioná-las nas extremidades da peça. Estaria mais de acordo com a proposta do carro.
O interior do RS3 também é idêntico ao do S3. Aliás, o volante multifuncional, de três raios e achatado na parte inferior, é o igual em ambos os modelos. O mesmo se aplica à instrumentação, embora o velocímetro do RS exiba graduações com intervalos de 30 km/h, a partir dos 100 km/h, e velocidade final de 310 km/h – no irmão mais manso, a marcação é feita de 20 em 20 km/h, com máxima de 300 km/h. Há ainda revestimentos em tons escuros, forração de couro nos bancos e portas, insertos metálicos espalhados pela cabine e iluminação avermelhada no painel.
Mas o perfil extremamente esportivo do RS3 não impede que ele traga mimos para encarar o dia-a-dia com conforto. O pacote padrão de equipamentos oferece ar-condicionado digital, com duas zonas de climatização independentes, sensores de obstáculo traseiro, de chuva e de luminosidade para acendimento dos faróis, assentos com aquecimento e apoios laterais, além de sistema de áudio Bose, com dez alto-falantes. Entre os itens de segurança constam seis airbags, sendo os dianteiros de dois estágios, cintos de segurança com dispositivo limitador de força e encostos de cabeça dianteiros ativos.