Se você tem boa memória, se lembrará de Ray Young, presidente da GM entre 2004 e 2007 (era aquele sino-canadense que desafinava baladas de rock em reuniões com jornalistas). Se você for prodigioso, se lembrará de que no Salão do Automóvel de 2006, Young disse que a volta da Cadillac ao País só seria viável em um mercado de 4 milhões de veículos/ano. Foi a primeira vez que se cogitou em trazer a marca.
O chinês arrumou outro emprego, mas quem ficou por aqui garante que as previsões de produção serão concretizadas. Sim, é o que você entendeu: a GM está preparando terreno para trazer sua marca de maior prestígio. “No começo do ano faremos uma clínica para definir as configurações dos modelos e, a depender da resposta, começaremos a importação”, revela um executivo da GM. A expectativa é de que parte da linha passará a ser vendida a partir do primeiro semestre de 2014.
ARISTOCRACIA
A GM sabe que o nome Cadillac no Brasil sempre foi associado a automóveis quase aristocráticos. Mas não tinha ideia de que a marca, cujo período áureo por aqui foi entre os anos 1950 e 1960, ainda despertava tanto interesse do brasileiro, como mostrou a pesquisa feita pela Digital Luxury Group, publicada na C/D 66. A Cadillac, de acordo com a DLG, foi a décima marca de automóvel mais citada na internet por quem consome artigos de luxo no País e a 29ª na lista de artigos de luxo.
A linha é formada pelos sedãs ATS, CTS (que também tem cupê e perua), XTS e pelos SUVs SRX e Escalade. O carro que interessa, o CTS-V, de 564 cv, no entanto está fora dos planos: a GM, que também faz o Corvette, insiste em dizer que seu grande esportivo no Brasil continua sendo o Camaro. O maior volume deve ser doATS (4,64 m de comprimento e entre-eixos de 2,77 m), na configuração V6 de 3,6 litros e 324 cv. Custaria em torno de R$ 150 mil. A GM não vai ter rede exclusiva para vender Cadillac (e incorrer na mesma estratégia desastrada dos anos 1990, quando tentou vender Saab 9000 CD em rede própria).
ANOS DOURADOS
O que é fundamental em um automóvel moderno foi criado pela Cadillac. Carroceria fechada (1910), partida elétrica (1912), motor V8 (1915), câmbio sincronizado (1928)... Fundada em 1903, a marca se tornaria excelência em qualidade mecânica e em nível de organização. No Brasil, foi sinônimo de luxo e de poder: quem tinhaCadillac, tinha mais que prestígio. A época de ouro por aqui foram os anos 1950. Rodar com um Eldorado conversível era melhor que... Não, pensando bem, sexo era melhor.
